terça-feira, agosto 31

Eu continuo só quando quero escrever uma vida com você, mas você detesta meus caminhos anotados e minhas regras. 
E eu detesto seu sono e sua ausência. 
Eu detesto seu riso alto e forçado pisoteando o meu mundo de sombras, eu detesto você saindo pela porta e as paredes se fechando, se fechando, e eu sem poder berrar pra, pelo amor de deus, você me resgatar, e me colocar no colo, e me dizer que você me entende e sofre também. 
Eu sou só porque enquanto pensava tudo isso, você impunha aos quatro ventos, QUERENDO PARECER MUITO FORTE E MACHO PRO SEU GRUPINHO MUITO FORTE E MACHO, que poderia simplesmente abaixar meu som ou mudar de canal, como um programa chato qualquer que passa na sua tv.
Eu hoje fui ao banheiro duzentas vezes para ficar longe do meu celular e do meu email, ficar longe de todas as possibilidades da sua existência. 
Me olhei no espelho bem profundamente pra enxergar minhas raízes e ganhar força, chorei algumas vezes, fiquei sentada no chão do banheiro, pra ver se meu corpo esquentava um pouco ou porque estava mesmo me sentindo um lixo. 
Estar sozinha não muda nada, conheço bem esse estado e, de verdade, sei lidar até melhor com ele.
O que me entristece, é ter visto em você o fim de uma história contada sempre com a mesma intensidade individual. 
Eu tinha visto na sua solidão uma excelente amiga pra minha solidão. 
Achei que elas pudessem sofrer juntas, enquanto a gente se divertia.

- Tati Bernardi



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